O fato de ter vindo para Alemanha me fez ler bastante sobre guerra, nazismo, judeus, holocausto.
Há alguns meses visitei um campo de concentração aqui na Alemanha, em Dachau.
É muito diferente ler sobre o assunto e estar lá. O choque foi grande, a sensação é de revolta, raiva.
As fotos são somente registros, a inspiração fotográfica na hora foi drasticamente reduzida devido ao conteúdo da visita.
No portão principal está escrito Arbeit macht Frei (O trabalho liberta). Essas palavras misturam horror, raiva e tristeza, pois o trabalho realmente liberta. Só que foi escrita de uma forma totalmente irônica e assassina que enganou muita gente lá de dentro.
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![](http://i116.photobucket.com/albums/o29/msafioti/017.jpg)
(Estourei justamente para eliminar o fundo)
Aliás tudo foi feito/construído/realizado de uma forma a provocar, trazer raiva aos presos. Era uma forma de gerar conflitos internos para os presos não se rebelarem em conjunto.
No total 6 milhoes de pessoas morreram. Em Dachau, mais de 32.000.
Hoje existem somente alguns poucos blocos contando a história e expondo fotos da época.
Na hora de ir embora saímos mudos, calados, olhando para o chão.
A única pergunta que ficou: Porquê?
Cartazes da época:
“Nossa última esperança: Hitler”
![](http://i116.photobucket.com/albums/o29/msafioti/001-3.jpg)
“Os inimigos dos democratas”
![](http://i116.photobucket.com/albums/o29/msafioti/002-1.jpg)
Cada alojamento, onde cabiam 208 prisioneiros, chegou a abrigar 1.600!
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Banheiro para 1.600 prisioneiros:
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Imaginem os presos entrando em uma sala enorme pensando que iriam tomar banho coletivo??
Inicialmente, câmera de desinfecção (as roupas eram reaproveitadas):
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Entrada para ducha...
![](http://i116.photobucket.com/albums/o29/msafioti/012-1.jpg)
...que na verdade era a câmera de gás. Consta porém que nunca foi usada (?)
![](http://i116.photobucket.com/albums/o29/msafioti/011-1.jpg)
Sala utilizada para “acomodar” os corpos antes de irem para o crematório:
![](http://i116.photobucket.com/albums/o29/msafioti/009-2.jpg)
Foto da mesma sala tirada na época:
![](http://i116.photobucket.com/albums/o29/msafioti/010-2.jpg)
Crematório: Fornos usados para queimar os corpos:
![](http://i116.photobucket.com/albums/o29/msafioti/008-2.jpg)
![](http://i116.photobucket.com/albums/o29/msafioti/007-2.jpg)
![](http://i116.photobucket.com/albums/o29/msafioti/015-1.jpg)
Corpos encontrados pelos aliados na frente do crematório no dia da libertação, 29 de abril de 1945:
![](http://i116.photobucket.com/albums/o29/msafioti/014-1.jpg)
Monumento em memória aos mais de 32.000 prisioneiros mortos em Dachau, na maioria judeus:
![](http://i116.photobucket.com/albums/o29/msafioti/016.jpg)
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Os próximos textos foram tirados de vários sites da Internet:
Dachau chegou a abrigar mais de duzentos mil prisioneiros de mais de trinta países e, a partir de 1941, foi usado para o extermínio de cerca de trinta mil pessoas. Muitas outras pessoas pereceram em virtude das condições do campo. O campo chegou a possuir uma câmara de gás, mas esta não chegou a ser usada.
É o mais antigo campo de concentração de todos, tendo sido erigido em 23 de março de 1933, menos de dois meses, portanto, desde a tomada de poder pelos nazistas. Inicialmente serviu para isolar opositores do Partido Nacional Socialista, clérigos, elementos ‘indesejáveis’ e, naturalmente, judeus. Em Novembro de 1938, após a Kristallnacht, 10.000 judeus foram internados lá. Construído para receber 5.000 prisioneiros, logo se tornou pequeno com o aumento da selvageria nazista e foi ampliado pelo trabalho escravo dos próprios prisioneiros. Até a libertação em 29 de abril de 1945, foram registrados 206.000 prisioneiros, mas muitos nunca eram registrados, portanto os números corretos não são conhecidos.
De acordo com os registros, 31.591 prisioneiros morreram, mas milhares de outros foram fuzilados sem constar dos registros. As câmaras de gás nunca foram usadas, pois os prisioneiros que sofreram tal destino (3.166 só entre 42 e 44) foram transferidos para o Schloss Hartheim, na Áustria. 6.000 prisioneiros de guerra russos foram executados; 7.500 de outras nacionalidades. A maioria foi cremada, os últimos 1.230 foram enterrados no Waldfriedhof, o cemitério da cidade de Dachau. Foram realizadas ‘experiências científicas’ (pobre ciência, teu nome serve para tudo!) de exposição ao frio e congelamento, e altas pressões por um tal Dr Sigmund Rascher, do círculo íntimo do Reichsführer Himmler e posteriormente executado por cair em desgraça, enquanto um outro, Prof Schilling inoculava malária e fazia outras experiências bioquímicas. Quase todas acabavam na morte da ‘cobaia’, de preferência selecionada entre os prisioneiros judeus e eslavos.
Após rumores se espalharem pelo campo em relação a uma directiva de Heinrich Himmler de executar todos os prisioneiros, um dos presos mais célebres do campo, Oskar Müller enviou mensageiros até o exército norte-americano para que estes dispersassem o campo. A 28 de Abril, um alto comissário da Cruz Vermelha, Victor Mauer, tentou convencer o último comandante do campo, Heinrich Wicker a se render. Wicker decidiu antes evacuar a maioria dos guardas SS.
No dia seguinte, a 29 de abril de 1945 a 42ª Divisão de Infantaria do Exército Americano foi comissionada de libertar o campo de concentração. A primeira visão que os soldados tiverem, ao chegar ao campo, foi de centenas de mortos, empilhados, junto a um comboio de 39 carruagens. Segundo se consta, os mortos estavam lá há dias (alguns já em avançado estado de decomposição). Tinham sido evacuados apressadamente de outro campo de concentração, Buchenwald e a maioria morreu à fome durante a viagem.
Os soldados, totalmente em estado de choque com a visão, tomaram para eles o lema "Take no Prisoners" (Não fazer prisoneiros) e começaram a executar os primeiros SS que encontraram. Há vários registos de execuções, na maioria, actos de vingança individuais de soldados e até de alguns prisoneiros, que atacaram os seus antigos opressores.
A situação durou apenas alguns minutos; o Tenente da Companhia, Felix Sparks, rapidamente tentou controlar a situação, de modo a evitar um banho de sangue desnecessário. Ao todo, morreram cerca de 50 SS's (entre a tomada do campo e as já referidas execuções). Foram levados cativos cerca de duas centenas de guardas.
As execuções de Dachau levou alguns militares da 42ª Divisão a tribunal marcial, acabando todos ilibados.
Após a libertação do campo, os 32.000 prisoneiros que lá se encontravam saíram num espaço de 6 semanas. Durante essa altura, formou-se um Comité de Prisoneiros, que funcionando como um Governo, se encarregou de evitar fugas de prisioneiros e melhorar as condições dos campos.
A libertação dos prisoneiros foi morosa: além dos habituais problemas de sub-nutrição e dificuldades em arranjar transporte dos presos para o seu país natal; havia uma epidemia de Febre Tifóide que dizimou milhares de presos. Como tal, de modo a evitar uma pandemia europeia, foram curados e vacinados todos os presos.
A partir de 1948, o campo de Dachau foi usado como campo de refugiados, situação que demorou até cerca da década de 60, onde se erigiu o Memorial que hoje existe.
Dachau é célebre, não só por ter sido um dos maiores campos de concentração nazis, mas também por ter sido o primeiro a ser construído no regime hitleriano (foi construído cerca de 6 semanas após Hitler tomar o poder).
Para quem se interessar, o site oficial de Dachau:
http://www.kz-gedenkstaette-dachau.de/englisch/content/